quarta-feira, 10 de setembro de 2014

XI. As Pedras a Ternura e o Jasmim



1. Pedras

À beira-mar sacudia as areias do corpo
como quem cuidadosamente acariciava
com a ponta dos dedos a cobiça do basalto.

Na erva seca por entre flores e malmequeres
onde por ser verão só acontecem coisas boas
descobriam lentamente sem pressas nenhumas 
o verdadeiro caminho na arte de cuidar flores.

Sem a inclusão dos teus olhos nas minhas palavras
- palavras azedas de lobo mau e espanta-a-lua
é impossivel voar com as pedras sacras das capelas
nem tão pouco sobre a mina mais escondida da ilha.

Peça escassa entre as pernas, os estados unidos
não só não encobriam as nádegas da laranjeira
mas ainda destapavam os peitos da bandeira.

2. Ternura

Por vezes a ternura alimento da poesia
é como na pedra esticar a massa fresca
recheada das metáforas dos teus beijos
polvilhada doce da canela dos teus lábios.

As sombras dos salgueiros, das águas do lago
faziam esvoaçar as palavras escondidas
que feitas em flor se cruzavam em silêncio
na primavera precoce com as terras proibidas.

Mas o mar meu amor era a lua da tua boca
desfolhando a rosa, libertando o tempo
humedecendo a areia, decifrando a chuva.
Ficou a memória, a eterna saudade do vento.

3. Jasmim

Falava das dunas da sedimentação do amor
do desafio de a encontrar antes do inverno.
No fundo dos abismos do outono anterior.

De musa vestida para um novo romance
do chá da salvação na tempestade de areia.
Na festa da flor ainda antes da madrugada.

Das pedras perdidas na história de Tebas
da romã persa da civilização do império.
Na negação da poesia inútil dos nossos dias.

Os seus cabelos reflectiam o oiro do seu brilho.
A luz intensa do luar espalhada pela cama.
Boa noite jasmim. Que seja assim. Mar azul.

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