terça-feira, 19 de julho de 2011

PRATAS ROUBADAS


"Correrei atrás dos meus amantes
que me dão o meu pão e a minha água
a minha lã e o meu linho
o meu azeite e a minha bebida"
Antigo Testamento (Livro de Oséas)


Vinham organizados da Creta antiga
famosa pelos seus búzios gigantes
para surpresa formal de muitos cronistas.

Eram criados em viveiros municipais
sedimentados pelo estrume animal dos outros
e pelas troféus cabeças dos bois selecionados.

Traziam para amostra e sedução arquitectada
todas as novidades da bijuteria feminina
pratas a peso roubadas à força pelos soldados.

Que aumentavam a competitividade da oferta
sem a orgia original do mercado e o focinho da lei
enquanto a produção local bebia mais uns copos.

Enfeitada em penas luxúria e lingerie e profecias
morcegos nos aposentos cosmopolitas de veludo
trocas e baldrocas pelos corredores perfumados.

Salas de fumo que hoje seriam incluídas no preço
apelativos de lucros finitos e ternuras sem fim.
Já então sabiam que seria impossível ter mais prazer.

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