terça-feira, 19 de julho de 2011

NUDEZ DE ILHA ABANDONADA


"Embora eu esteja bêbedo de vinho e amor
faz-me amante do que eu sou"
Nezami Ganzavi (Layla e Majnun)

Com a frescura da sua nudez de girassol
e o seu olhar crescendo em terras de xisto
faz de todas as ruas e lanternas introvertidas
sombras e mistérios que as más noites enganam.

Com a sua oculta nudez de ilha abandonada
a descansar no rio sobre as águas mais altas
em casa cultiva cantando as alfazemas do jardim
outrora suspenso de oásis e de colinas benditas.

E quando na primavera flor da sua nudez
matéria anunciada no fabrico artesanal do tecido
feito de lábios púdicos e de bocas pintadas
ela ficava entretida com as metáforas da vinha
com as cores quentes que a neve derretiam.

E uma garrafa reserva pacientemente guardada
no buraco perfeito da bondosa garrafeira
de tijoleira especial à espera até ser dia.
Que da sua nudez o vinho mesmo o mais antigo
na pedra não é prazer que se possa sentir sózinho.

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