terça-feira, 19 de julho de 2011

LASCIVAS DA TENTAÇẬO


Eram redondas e grandes as cebolas de Renoir
escolhidas ciganas pelas mulheres no cebolal
latinas recriadas pela grande poesia de Neruda
para internacionalistas serem vendidas em Milão.

Palavras amargas do rouge raro da contradição
duras como a liga de ferro fundido da pasteleira
com sabor a sorte da última narrativa caseira
das esquinas cercadas pela fábula final da solidão.

Por dentro lascivas da tentação quem diria
que do fumo até os bicos de betão tão duros
falavam do prazer do fogo e dos bombeiros.
Escreviam de lábios ardentes e bocas de incêndio
da ponte pedonal dos seus passeios bem abertos.

Abismo ou mordomia um devaneio cultural.
Discutiam intensamente a diferença principal
entre o orgasmo físico e o orgasmo intelectual.
O primeiro da química profunda vai-se em rosé
e o outro mais fino vêm-se em máquina de café.

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