sexta-feira, 3 de setembro de 2010

PRAÇA DA CIDADANIA


"Em Lisboa vendendo a minha fruta
de azeite e mel de ódio e saudade" in "Cidade"

Os seus seios de cinza   gravados na cortiça
no vestido de rainha   moldado ao corpo da desalmada
com bicos de carvão   serviam nocturnos às mesas.

Champanhe com gravatas sintéticas   da cor dos collants
trabalho todo feito   pelo paciente proletariado chinẻs
explorado e muito mal pago   feliz por ter emprego.

Radiografia negativa e perpicaz   do fascínio da liberdade
de trabalhar e dormir   ás vezes cobrir e ser cobertor
furão o camarada maior   comia as melhores melancias.

Parava para refazer contigo   sem medo do senhorio
a casa da luxúria e da ousadia   a voz baixa transformada
e no sábado cortar a relva   onde crescia sensual a poesia.

Poderiam ser dos espelhos   das suas partes inferiores
sombras que ajudam o faro do cão   a não se perder
e a encontrar o caminho   para a praça da cidadania.

Conquista última do século   que agressivo o avaliador
como um cilindro de nojo   herói sedento de dor
quer destruir e aplanar   por conveniência e conivência.

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