sexta-feira, 3 de setembro de 2010

POR COMPAIXÃO


Aquela hora à saída dos empregos
da cidade pequena a rosa caíu ao chão
por cima da lagartixa bem parecida.
Prolongava os olhos de fusco-fusco
esticava de perfil o busto de mármore.

Espalhava baba pela casca ressequida 
com umas cervejinhas e era caso
para dizer sim o petisco é bom
mas a cozinheira é ainda melhor.
Produto nacional de qualidade europeia.

Sem as pernas de outras épocas
a rosa murcha morria de sede
pela falta da gasolina antes barata
com mais chumbo e menos pulmão.
Saudades do tempo das vacas leiteiras.

Com alguma discrição era normal
por compaixão passarem por cima dela
e deixarem uma nota de gratidão
uns trocos que dessem para o fumo
até à tardinha ao dia seguinte da solidão.

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