"Vou pelas ruas da noite
com basalto de tristeza" in "Rosa da noite"
Escreveu a correr que só por dentro da noite
percorrendo a pé a argila seca do pensamento
seria possível fingir ignorar tamanho mistério
vestindo as metáforas nas cercanias dos lábios.
Bordando a sombra com as luzes da ilusão
recolhidas à
pressa durante o intervalo para almoço
rematando com fios a madrugada da inquietação.
A ordem milenar com barbas de consentimento.
Frente à deusa seria? Sempre nova da paixão
sem a censura do pudor clerical e nada a esconder
humana assim responderia em texto ao amor
com as cores profundas do erotismo e fascinação.
Levar-te comigo convencer-te a ficar para sempre
na minha casa com o arranjo verbal das palavras
o vinagre dos sentimentos ensopados em vinha d’alho
e o violino húngaro nocturno do teu sorriso mais claro.
Guardar na mala as vozes doces do rio grande
onde a cidade se banha e nós mais tarde um no outro.
O motorista de longo curso com horários a cumprir
já devia estar na estrada e ainda estava sentado à mesa.
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