"Que ficará na memória
das naus que de Abril partiram"
in "As Portas Que Abril Abriu"
in "As Portas Que Abril Abriu"
De cobre e estanho antes se invadiu a guerra
e hoje se semeia o corpo se fabrica o pão
se transforma bronze o mais duro da nossa terra.
Entre pressa e vagares sente algum pudor adulto
despe-se com cuidado que as janelas estão abertas
e os pardais telhado atentos espreitam descarados.
De tão abandonada por dentro dos pensamentos
de entrega ao prazer que se aproxima deixa distraída
esquecido o último obstáculo sobre as teclas do piano.
Na rua lá em baixo com a ternura não se sabia
se o que se ouvia era uma das melodias famosas
que assumiam o amor às vezes a luta de classes.
Se o gozo perfeito a festa linda do seu coração.
Morrer? Morrer agora? Morrer asssim canção?
Só quando não tiver mesmo mais nada para fazer.
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