sexta-feira, 3 de setembro de 2010

RUA DA SAUDADE


"Que ficará na memória
das naus que de Abril partiram"  
in "As Portas Que Abril Abriu"

De cobre e estanho  antes se invadiu a guerra
e hoje se semeia o corpo   se fabrica o pão
se transforma bronze   o mais duro da nossa terra.

Entre pressa e vagares   sente algum pudor adulto
despe-se com cuidado   que as janelas estão abertas
e os pardais telhado atentos   espreitam descarados.

De tão abandonada   por dentro dos pensamentos
de entrega ao prazer que se aproxima   deixa distraída
esquecido o último obstáculo   sobre as teclas do piano.

Na rua lá em baixo   com a ternura não se sabia
se o que se ouvia   era uma das melodias famosas
que assumiam o amor   às vezes a luta de classes.

Se o gozo perfeito   a festa linda do seu coração.
Morrer? Morrer agora?   Morrer asssim canção?
Só quando não tiver mesmo   mais nada para fazer.

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