"Para a cauda avestruz do teu andar de vereda
o decote intenção da tua voz agulha
recorto este poema num papel de seda"
in "A Casaca" Para Natália Correia
in "A Casaca" Para Natália Correia
Na barbearia clássica a barbeira de Salamanca
cantava de olhos fechado frente ao espelho maior
longe como estás homem nem de foguete ou foguetão.
Cantava descalça assentes nas tamancas grossas
as pernas lisas da hidráulica das nádegas rijas
apoiadas na cadeira alta do ferro de marca cromada.
Tinha na mão direita sobre a pedra da ilusão
onde amolava cortante a lâmina da navalha
se fosse mais abaixo seria marítima rocha do cais.
Preparava a máquina zero adiantava serviço
do próximo cliente cabelo eriçado à ouriço
remoinhos de areias secas cortados às escadinhas.
Bendito não há ouriça que não goste de chouriço
que não convide no olhar ao envolvimento precoce
do soldado valente á civil sem armas de fogo.
Cantava descalça na barbearia a linda barbeira do mar
a mão direita afiada segurava a tesoura militar
que cortava o tempo os dias ter com quem amar.
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