"Talvez houvesse uma flor
aberta na tua mão" David Mourão-Ferreira
Na selva da solidão rasteira
onde se procuravam à toa
por sortilégio da flôr não se viam
em desencontros de pouca sorte.
Entre muito verbo calado
e tanta palavra adiada
montes de restolho a secar
para melhor flagelo dos pés.
Como as toutinegras de ontem
as mãos perdiam-se intactas
na topologia dos segredos.
Perdiam-se aos poucos na chuva.
Escrevia com um pau na terra
fica comigo até à eternidade
que termina na próxima noite
no dia do mito do nosso reencontro.
Ao longe em palavras e torresmos
quase pretos de tanto mexer os dedos
a saudade despia-se portuguesa
a saudade despia-se portuguesa
na torre a sul de todos os ventos.
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