segunda-feira, 23 de março de 2009

TALLERES DE POESÍA DA NICARÁGUA


1. Tenho um livro Antologia – Talleres de Poesía
documento essencial de uma experiênçia única
a poesia cultivada em oficinas organizadas
para jovens gente simples poetas populares.

Sobre esta aventura escreveu-se:
“por primera vez se han socializado
los medios de producción poética.”
Poeticamente assim até soa muito bem.
É menos prejudicial e mais dificil que a dita
a colectivização dos meios de produção.

A Nicarágua a Revolução Sandinista
fez parte do meu itenerário romântico-
-libertário de um mundo melhor para todos.
Doce ilusão. Sei muito bem. Pura ilusão.

2. No “Ciclo das Palavras” com 82 textos
vários foram dedicados à Nicarágua
ao Comandante Zero Eden Pastora
à Comandante Dois Dora María Téllez
ao poeta e sacerdote católico Ernesto Cardenal
à cidade de Esteli e a outros momentos
dos avanços e recuos no cerco libertário a Somoza.

Os três há muito que optaram pela dissidência activa
por coerência e em ruptura com o sandinismo oficial.

3. “Me contaran que estabas enamorada de otro
y entonces me fui a mi cuarto
y escribi ese artículo, contra el gobierno
por el que estoy preso.” Ernesto Cardenal

A palavra para alisar a madeira do corpo
estrutura ambulante da madrugada serena
para serenar e desenhar os nós e contra-nós
as saliências da alegria das amendoas de ontem.

Se para o fado as palavras seriam:

- Já tinha nas mãos o passado
quando esqueci o perfume do teu nome
que levava as flores do anoitecer 
até ao cais do dia mais claro.

4. “Dora María
la aguerrida muchacha
que hizo temblar de furia
el corazón del tirano” Daisy Zamora

Na demarcação do tempo
quando os lobos da cidade
as noites brancas adormeciam

havia uma mão faminta
que inquieta se afundava no lodo
quente na bela mulher do povo.

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