segunda-feira, 23 de março de 2009

TALHERES LEITE E SAFO


"Colares atei para o terno
pescoço de Átis; os perfumes
nos cabelos, os óleos raros” Safo

1. Dizia Daniel dos seus longos
cabelos louros e barba à patriarca
contava com um sorriso malandro.

Maria outra vez? É o sétimo?
Senhora que possa eu fazer
a mim basta-me lavar
as cuecas do meu Juan.

2. Coleccionava ferros a lenha
saiotes de todas as cores
e saias com pregas curtas.

Gratuita repartia fraterna
mamicas com leite meio amargo
sítios brancos de muito alimento.

3. Um jovem dos talleres da Nicarágua
o soldado instrutor Jose Manuel Aguirre
falava da descoberta dos poetas
Roque Dalton Ruben Dario da poetisa Safo.

Não sei se dela terá lido o excerto do resto
do que ficou da perseguição obscura da igreja
“Se o meu peito ainda pudesse dar leite
e o meu ventre frutificasse” teria gostado?

4. Deixem passar as vacas
que vão para a ordenha
dar leite aos meninos
levam cheias as tetas.

5. É a única mercadoria com mercado
vende o leite que traz nos peitos
genuíno na origem sêlo de qualidade.

6. Talher não é colher
de trigo limpo farinha amparo
como o leite em pó
amparado no consolo
no vale pós-pasteurizado
das vacas ao dispôr
dos vaqueiros famintos.

É o garfo e a faca
ao serviço da barriga
das barriguinhas unidas dos povos
dos alimentos comprometidos
com a verdade da poesia.

7. Tocam ao de leve nos seus seios
demoram sobre a costa rugosa dos mamilos
bebem com gosto o café no leite morno.

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