domingo, 22 de março de 2009

SOFIA DE SÓFIA E OUTROS ÁLIBIS


1. O lobisomem em noite de lua fechada
para obras de restauro e renovação dos enlutados
comia noite dentro uma apetitosa pasta italiana
bela adormecida mulher madura mulher alheia
das alheiras ainda sefardistas de Portugal.

Mulher da vida disponível a arder sem se ver
por causa dos atrasos do pai das suas filhas
do salário bebido até as últimas patacas
com os amigos no álibi cervejaria da Baviera.

2. Nem a tampa tapa a panela mesmo que a massa
se queira mal cozida e nem a tap destapa o véu
quando não voa para as ilhas no Atlântico
e outros destinos internacionais nas balcãs
das zaragatas pelos melhores balcões.

Não aterra porque os seus comandantes
e pessoal de cabine no seu direito de cidadania
estão em greve nos piques da Páscoa e do Natal.

3. Com estrutura gritos e saltos de Tarzan
e imaginem ainda não se tinha nem cruzado
com aquela caipirinha que se não era brasileira
era brasileirinha o mesmo gosto o mesmo olhar
um pouco apenas mais branquinha que Jane.

Tão pouca roupa e tanta coisa boa por perto
sem perigo algum tanto bom fruto da selva
por descascar e comer muito muito devagar.

4. Uma filha com uma mãe assim
pode dançar a noite toda ficar em casa da amiga.
Voltar apenas com o primeiro autocarro da manhã.

Pode ficar descansada dizia Sofia de Sófia
pois tem à sua espera o chá quente na chaleira
e no frigorífico o iogurte dos corpos bonitos.

5. Fruto da relação secreta da carta fechada
com o carteiro de cabelo curto e louro
- todas as morenas do bairro suspiravam por ele
do descuido da feiticeira no último dia da feira
sobre a carteira da escola primária para adultos
 - vinha a caminho a carteirista do coração.

Para salvar a família da vergonha a cinza do cinzeiro
casou-se à pressa com o irmão cachimbo de Magritte.

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