sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

DE MIL ROSAS UMA SÓ

Porque és a constelação
do inesperado de dias
noites e luzes
vogais e alegrias
de estrelas azuis.

Permite-me
Ó caminho esvaído
Ó sono inquieto
Ó roseiral intenso!

Que tire as meias
dos teus pés pequenos
e um pedacinho de pele
para tesouro.

Que descubra os segredos
do fecho da tua saia
silêncio muito tímido
muito diálogo mudo.

Que massage
o vinco da blusa
em círculos pequenos
com os dedos da saliva
e os rios do pensamento.

Que penteie os caracóis
te lave a cara do sol
te limpe os olhos e os lábios
para retocar de rouge e de baton
de rimel e modernismo.

Permite-me Ó única estrela!
Constelação de mil rosas.

Budapeste, 20.04.1983.

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