sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

BIENAL

Lady do Café Come Late.
V. Nova de Cerveira
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Eu senhora irlandesa(?) não sou ninguém.
Nunca o fui e penso que nunca o serei.
Na roupa de ninguém sinto-me mais cómodo.
Aqui estou atento a beber nos meus sonhos
prolongados e atentos e nada mais
a querer-me um pouco mais que ninguém
mosca asseada abelha ou vespa inofensiva
para pousar no seu regaço sem me sentir
para aí me deleitar afogar os meus desejos
comuns de sapo insensato sapo republicano.

Centenas de poemas e plágios
a serem escritos na sua pele bronzeada
pelo pseudónimo das minhas palavras
na sua lua pelos desejos da minha língua
de vinho verde tinto e água das pedras
nas suas mãos esguias de malagueta
lindas e magras por toda a solidariedade
pela solidão imensa das minhas ideias
na travessia lenta dolorosa do deserto
até à manhã onde um dia irão desembarcar.

Eu senhora irlandesa(?) não sou ninguém.
Ao encontrá-la e vê-la partir feliz
com outro com a noite pelo braço
sei que estou mais longe de fugir daqui
de mim de ser ontem e amanhã de ser alguém.
Porque me olhou tão insistentemente
me desinquietou me enlaçou e me abraçou
tantas vezes e me seduziu com o mar calmo
dos seus olhos? Ou foi da noite e da minha miopia?

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