sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

RIO COURA

Amante do sol e das pedras

Ao sol mole que nem uma cobra
dissimulada por entre as pedras
eternas dos triângulos do sonho.
De silvas povoarei de arados
ceifeiras e sementeiras
com ervas daninhas
o seu ventre de safios
com o sangue bíblia dos cabritos
as heras e os paradoxos
bichos perfeitos da água.

De joelhos dobrados subserviente
saias levantadas presas
às mãos unhas de terra negra
o seu macho a alombar pela fazenda
a pastar pelas tabernas da vila.

A pela branca festa da capoeira
sem as rodas finitas da mó do tempo
e as redes de arame do sol.
Regador regarei para que cresça
o pasto que esconde os ovos pequenos
das rolas e algumas codornizes.

Feia e cansada na noite de alhos
com o seu homem se transforma
com cabelos trazidos da cabra da serra
que mastiga bugalhos secos e cogumelos
importados da Galiza pelo vento.

Disfarça as peles e carnes a mais
poço fundo produto não pasteurizado
sem a defesa fingida do prazer
da pele tensa de mamilos acrescidos
e roxos na ponta dos dedos
nas águas de metal do corpo
e por fim esquecer a língua do vinho
o suor sexuado da preguiça.

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