quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Bela morena do lar



Em Ortigia, ao final da manhã pareceu-me ter visto Malena.
Caminhava pela rua, elegante e sedutora de salto alto
e vestido justo, bem apertado ao Etna adormecido do corpo.

Ou será que foi em Castellutó (talvez em Noto) e da miopia,
do verão enganei-me na época, no filme, na fotografia?  

Manda o velho burkino às malvas bela morena do lar.
Arruma as roupas, as cuecas limpas do teu soldado
as bacias de zinco que nem te deixam respirar.

Curvas as palavras dos sítios e das telas com falta de ar.
Sicília pöe por favor anónimo esse porto de abrigo
de sonho lindo, a soprar ao vento, a salgar no mar.


Com sauna a mais e água a menos corria-se o risco
de se perderem sedentos os melhores versos, a tradução
original das palavras de Tito Lívio guardada no Vaticano.

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