Estava depois dos cinquenta, sentia-me bem, achava-me
bonita
não tinha pressa em ser idosa antes de tempo quando solidária
a vida me ofereceu mais uma prenda, uma nova
oportunidade.
Deu-me a conhecer um homem com um H grande.
Era mais velho uns bons anos, mas com uma
pedalada.
- Se fosse ciclismo seria o portador do maillot jaune
du Tour.
Os nossos encontros eram como se fossem cronometrados
tínhamos três horas à disposição até o meu marido
voltar.
Três que sabiam a trinta e resgatavam todos os meus sonhos
que sabiam a pouco tal a intensidade, o ritmo do seu
pedalar.
Se aprendi tanto com ele no amor, que dizer da sua sabedoria?
Abriu-me a cabeça como ninguém antes dele tinha
feito.
Como ele me transmitiu saber, cultura e
filosofia!
Eu tinha a sensação clara de que ele sabia tudo e de
tudo.
O meu mestre na cama, na cultura e no conhecimento.
Numa das nossas tardes de paixão por ciúmes infundados
decidiu castigar-me, deixou-me pendurada e não apareceu.
Eu estava à sua espera com a minha lingerie mais ousada
de mulher que sabe o que quer, para o excitar ainda
mais.
Sem ele a casa ficou vazia e a tarde vestida de
solidão.
Devido ao meu orgulho ferido não nos voltamos a
encontrar.
Ficaram as saudades e o seu lugar cativo no meu
coração.
Se um dia de surpresa bater à minha porta vou deixá-lo
entrar.
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