quinta-feira, 20 de março de 2025

Estava à sua espera


Havia anos em que o meu amante 

fazia mil e oitocentos quilómetros.  

Conduzia à vez com o meu marido 

para matar as saudades que tinha de mim.

 

Vinha porque sabia que seria bem recebido 

como um dos melhores amigos da família

ao jantar seria o primeiro a ser servido.

Sabia que eu também estava à sua espera.

 

Quando é verdadeiro o amor é entrega. 

Ele fazia todos aqueles quilómetros

para passar comigo duas ou três noites 

e fazer do nosso verão uma rosa de paixão. 

 

Depois despedia-se com o coração cheio

voltava feliz contando os dias que faltavam 

para o meu regresso e o desejado reencontro. 

Para o mundo partilhado que era o nosso. 


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