Estava à experiência a trabalhar num
restaurante da periferia
e como estava no país há pouco tempo ainda não sabia
que aos domingos era menor a frequência dos
autocarros.
Pelo próximo tinha de esperar mais de uma hora e pensei
que o melhor seria pôr-me à boleia, talvez tivesse
sorte.
Ao fim de um tempo parou um carro,
um senhor de certa idade
que me perguntou para onde é que eu queria ir, o meu
destino.
Disse que me levava, mas antes
tinha de parar numa casa
que estava a renovar, não me preocupasse que chegava a
tempo.
Não me quero fazer de coitadinha ou para mim tanto faz
mas a verdade é que acabamos com ele em cima de mim
numa sala com as paredes pintadas e as janelas
acabadas
com as nossas roupas amarrotadas a servirem de colchão.
Já mais limpos e arranjados levou-me ao trabalho
e quando acabei o meu turno ele estava à minha espera.
Nos dias, meses seguintes continuamos a encontrar-nos
a viver a vida, a levar-me a locais onde nunca imaginei
entrar.
Ele era um homem charmoso com muitos amigos importantes
como pude observar, com hábitos especiais e surpreendentes
como conviviam entre si, elas e eles ou quem os
tivesse a ver.
Clubes muito discretos e reservados onde tudo podia
acontecer.
Com a minha inexperiência podia ter caído fundo no
poço
na tentação do deslumbramento, da ilusão do mundo fácil
mas foi ele que depois de me mostrar como seu novo troféu
me protegeu, não me deixou submergir nem me deixou afundar.
No fim, para me legalizar até se ofereceu para
casar comigo.
Estou-lhe grata, mas ainda hoje sinto que fui abusada por
ele.
Os versos e os reversos da vida e outras histórias por contar.
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