quarta-feira, 26 de março de 2025

Palavras ou distâncias

 

Hoje não bebe vinho por ser dia de comer pão.

As últimas semanas serviram para de vez se soltar

libertar-se da teia onde por gosto se tinha enfiado

porque no fundo aceita tudo menos o que não aceita.

 

Estava na varanda a fumar um cigarro e a pensar 

não tinha de estar a olhar para o sentido das palavras 

para as segundas leituras das metáforas mais rudes

para as ilustrações que pudessem cair mal ou magoar.

 

Pensar ser uma grande tontice, escrevê-lo ainda mais 

pela primeira vez na vida sentia-se sem roupas apertadas 

quer dizer não ter de estar a olhar para a sujidade do cais 

das amarras das suas ideias e dúvidas, das suas palavras.

 

Sabia bem que até a pé a lua viria para estar no lançamento.

Pensa no passado, vive o presente, mas olha também o futuro

palavras escritas em papel, no telemóvel ou no computador.

Palavras, dúvidas ou distâncias que no final vão parar ao lixo. 

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