quarta-feira, 19 de março de 2025

Mit is akar a hangya? (O que é que a formiga quer?) Em memória de Liget Ernő

 

Mit is akar a hangya? (O que é que a formiga quer?)

Em memória de Liget Ernő (antes Lichtenstein Ernő) (1899-1944)

 

Doutorado em direito, foi jornalista, escritor e poeta. 

Mit is akar a hangya? (1916)

Szívem, mit mondjak néked el,

hogy tűnnek hosszú évek el,

hogy másnak kéne lenni

s nem lesz belőlem semmi.

 

Szívem, mit mondjak néked el,

szívemben madár énekel

tejüveg gyönyörű hanggal,

mint álomban az angyal.

 

O que é que a formiga quer? (1916)
Minha querida, como é que eu te vou dizer 
Como os longos anos se foram,
Que eu deveria ser diferente
E que de mim não serei nada.

Minha querida, como é que eu te vou dizer 
que um pássaro está a cantar no meu coração
Com uma bela voz de cristal  
Como um anjo num sonho.

 

Em 11 de janeiro de 1945 Ligeti Ernő foi assassinado. 

Ligeti, a mulher e o filho foram arrastados do apartamento que estava sob a proteção da Embaixada da Suíça, por uma brigada de nazis húngaros e levados para a sede do partido na avenida Andrássy, 60. Ali foram torturados e à noite executados na Praça Liszt Ferenc, por ordem do Padre católico Kun András, criminoso de guerra que foi enforcado em setembro de 1945. O filho Ligeti Károly (1928-2015) que sobreviveu milagrosamente às balas, em 1946 emigrou para a Alemanha e em 1950 para os Estados Unidos.

 

Não me digam mais nada senão morro (Ary dos Santos)

Não me digam nunca, nunca mais que os judeus 

tanto irritaram tanto provocaram tanto enraiveceram 

que alcatroaram o caminho do seu próprio destino 

 

que eram um corpo estranho, um inimigo da nação 

que se puseram a jeito estavam mesmo a pedi-las 

que comeram a sopa que eles próprios cozinharam.

 

Não me digam mais senão como ainda estou vivo

não tenho alternativa não vou calar e ficar em silêncio 

e antes de morrer vou disparar a matar para nos salvar. 

Shoah nunca mais! Não aos outros genocídios!

Levantar a voz de protesto e de luta, denunciar 

os genocídios sejam de ontem de hoje ou amanhã.

 

Budapeste, 5 de março de 2025

 

 

 


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