Mit is akar a hangya? (O que é que a formiga quer?)
Em memória de Liget Ernő (antes Lichtenstein
Ernő) (1899-1944)
Doutorado em direito, foi jornalista, escritor e poeta.
Mit is akar
a hangya? (1916)
Szívem, mit
mondjak néked el,
hogy tűnnek
hosszú évek el,
hogy másnak
kéne lenni
s nem lesz
belőlem semmi.
Szívem, mit
mondjak néked el,
szívemben
madár énekel
tejüveg
gyönyörű hanggal,
mint álomban az angyal.
O que é que a formiga quer? (1916)
Minha querida, como é que eu te vou dizer
Como os longos anos se foram,
Que eu deveria ser diferente
E que de mim não serei nada.
Minha querida, como é que eu te vou dizer
que um pássaro está a cantar no meu coração
Com uma bela voz de cristal
Como um anjo num sonho.
Em 11 de janeiro de 1945 Ligeti Ernő foi
assassinado.
Ligeti, a mulher e o filho foram arrastados do apartamento
que estava sob a proteção da Embaixada da Suíça, por uma brigada de nazis
húngaros e levados para a sede do partido na avenida Andrássy, 60. Ali foram
torturados e à noite executados na Praça Liszt Ferenc, por ordem do Padre
católico Kun András, criminoso de guerra que foi enforcado em setembro de 1945.
O filho Ligeti Károly (1928-2015) que sobreviveu milagrosamente às balas, em
1946 emigrou para a Alemanha e em 1950 para os Estados Unidos.
Não me digam mais nada senão morro (Ary dos Santos)
Não me digam nunca, nunca mais que os judeus
tanto irritaram tanto provocaram tanto enraiveceram
que alcatroaram o caminho do seu próprio destino
que eram um corpo estranho, um inimigo da nação
que se puseram a jeito estavam mesmo a pedi-las
que comeram a sopa que eles próprios cozinharam.
Não me digam mais senão como ainda estou vivo
não tenho alternativa não vou calar e ficar em
silêncio
e antes de morrer vou disparar a matar para nos
salvar.
Shoah nunca mais! Não aos outros genocídios!
Levantar a voz de protesto e de luta, denunciar
os genocídios sejam de ontem de hoje ou amanhã.
Budapeste, 5 de março de 2025
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