quarta-feira, 19 de março de 2025

Ilyen az élet (É a vida) Tributo a Rejtő Jenő (1904 - 1943)

 

Ilyen az élet (É a vida)

Tributo a Rejtő Jenő (1904 - 1943)

Nascido Reich Jenő, pseudónimo P. Howard

 

Rejtő Jenő em jovem escreveu poesia (um excerto)

Most vége... vége... emberek

Bolond az mind ki vár remél

Ősz van az űrben ősz hideg

S a föld a sárga falevél

– (Reich Jenő: Világromlás, 1923 k.)

 

Agora acabou... acabou... gente

Tontos são os que esperam com esperança

É outono no universo, um frio outono

E a terra é uma folha amarela

- (Reich Jenő: Decadência do mundo, 1923)

 

Banana descascada rima com sacana sem vergonha

Laranja cor-de-rosa rima com canja de pato bravo

Ameixa de perna aberta rima com madeixa da menina

Neste mundo paralelo e virtual de tanta esperteza saloia.

 

Porque no politicamente correcto do nosso tempo

temos quase perdida a guerra, a ilusão da liberdade.

Já há quem diga com a convicção rasca de ilusionista barato

que chegou a hora de desertarmos, abandonarmos a cidade.

 

Apetece-me mandá-los um por um para a puta que os pariu

mas a contagem das espingardas é-nos tão desfavorável

que é apanhar comer e calar, na sombra deixar-se ficar invisível

porque não foi um ditador que depois de tanto mando caiu.

 

Lembrar como era a vida e a morte há oitenta anos

como era assassinada a cidadania e espezinhada a liberdade.

Não perder a esperança nos homens e nas mulheres de boa vontade

porque chegará a hora do ajuste de contas, a morte dos tiranos.

Um pintassilgo do povo mesmo escondido não desiste de voar

mesmo disfarçado não deixa de ser livre, de pensar e de cantar.

 

Rejtő Jenő (29 de março de 1905 - 1 de janeiro de 1943) judeu húngaro, no período entre as duas guerras mundiais, foi um destacado jornalista, escritor e dramaturgo. Famoso pelos seus livros e novelas - romances de aventura e policiais, normalmente caracterizados pela ironia e o humor absurdo. Como muitos outros, ele também foi levado como "munkaszolgálat" (recruta forçado sem armas) para a Frente Oriental, para a região do Don na Ucrânia, URSS, onde o exército húngaro combatia. Não se sabe exatamente como passou Rejtő os seus últimos meses. Sabe-se que mesmo doente, até ao último dia, continuou a entreter e a divertir os seus camaradas de infortúnio. Não se conhece a sua sepultura, nem se sabe de que é que morreu. É provável que esteja enterrado algures na actual Ucrânia independente.

 

Ilyen az élet; egyszer lenn, egyszer fenn. És végre is: odafenn már nem fáj semmi. Rejtő Jenó

É a vida: uma vez em baixo, outra vez em cima. E finalmente: lá em cima, já nada dói.

 

Budapeste, 4 de março de 2025

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