segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

Soneto lua e mar

 

Aimer à perdre la raison 

Aimer à n’en savoir que dire. Louis Aragon 

 

Que vão dizer quando nós já cá não estivermos

o que vão pensar de nós e do amor que vivemos?

Eram dias e semanas, meses à espera de um só dia

e eu cultivava rosas e dálias que depois te oferecia.

 

Passeávamos pela praia guardados pelo nevoeiro 

falávamos da lua nova como quem come um gelado. 

Olhos nos olhos gostávamos de interpretar o mar.

- Parece que se esqueceram do mais importante - 

este mar nunca descansa, não é defeito, é feitio.

 

Pequenos e mornos, seguros e cálidos, os seus dedos 

inquietos, lisos e suaves, aventureiros e atrevidos 

descobriam e tocavam, acariciavam e avivavam o rosto 

o pescoço, o peito e os mamilos, as pernas e as coxas 

e mais em cima e mais dentro, as coisinhas mais húmidas.


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