segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

A festa da ginjinha

 

Há muitos anos atrás o inverno estava ameno.

Decidiram perder-se por Lisboa, pelo Rossio.

Felizes e anónimos pareciam dois adolescentes.

O amor é assim, rejuvenesce e contradiz a idade.

 

No segundo dia compraram dois cartuchos de castanhas

assadas que acompanharam com copinhos de ginjinha

bebida à porta, em frente de "A Ginjinha" da nossa história

no Largo de S. Domingos onde se beijaram sem vergonha.

 

Soube tão bem a degustação alfacinha ao cair da tarde

que regressaram a casa a pé e até se esqueceram

que cúmplices no largo tinham combinado pelo olhar 

uma celebração até lhes dar a fome para uma ceia tardia.

 

A ginjinha fez tanto sono que a festa foi adiada

para o despertar, para a manhã do dia seguinte.

Nenhuma ginjinha era tão saborosa e tão excitante

como o licor da doce ginjinha da moça madura.

 

Bons momentos que recordam com emoção.

Hoje nada é como foi, as castanhas assadas

ou em pleno inverno os beijos quentes de verão.

Eram tempos de provar as deliciosas ginjinhas.


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