Há muitos anos atrás o inverno estava ameno.
Decidiram perder-se por Lisboa, pelo Rossio.
Felizes e anónimos pareciam dois adolescentes.
O amor é assim, rejuvenesce e contradiz a idade.
No segundo dia compraram dois cartuchos de castanhas
assadas que acompanharam com copinhos de ginjinha
bebida à porta, em frente de "A Ginjinha" da nossa
história
no Largo de S. Domingos onde se beijaram sem vergonha.
Soube tão bem a degustação alfacinha ao cair da tarde
que regressaram a casa a pé e até se esqueceram
que cúmplices no largo tinham combinado pelo olhar
uma celebração até lhes dar a fome para uma ceia tardia.
A ginjinha fez tanto sono que a festa foi adiada
para o despertar, para a manhã do dia seguinte.
Nenhuma ginjinha era tão saborosa e tão excitante
como o licor da doce ginjinha da moça madura.
Bons momentos que recordam com emoção.
Hoje nada é como foi, as castanhas assadas
ou em pleno inverno os beijos quentes de verão.
Eram tempos de provar as deliciosas ginjinhas.

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