segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

Na nossa memória

Para Ricardo Farrú, Poeta e Irmão do Chile


Lembro-me na universidade das manhãs e tardes bem passadas  

das noites dos encontros poéticos com exilados e amigos 

em castelhano e regados a tinto Bikavér, o nosso vinho magyar.

A importância decisiva dos sapatos, das botas se inverno 

conhecerem o caminho mais direito para casa, para a cama.

 

Apesar de haver um lá longe e um cá, de muita coisa para mudar 

éramos muito mais livres do que nos dias de hoje convém escrever.

A vida nunca parou e mudou para melhor, depois com o tempo 

à vez, fomos despindo e vestindo as ilusões e o seu contrário 

ou nem uma coisa nem outra, apenas a experiência da idade.

 

Meus caros, aqui e agora gostaria de deixar escrito 

sem medo nem capitulação do politicamente correto

porra para a ditadura da manada, para a submissão dos rebanhos 

a obediência ao pensamento vigente do que pensam os outros.

A vergonha nenhuma, que se junta ao nojo e a má-fé do sofismo.

 

Talvez seja do algoritmo digital enfurecido do troglodita 

palavra tantas vezes usada pelo nosso amigo Daniel 

ele que nem podia olhar nos olhos porque não havia porta 

que não se abrisse e onde ele com gosto entrava.

Partiu muito cedo, mas ficou para sempre na nossa memória.


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