quinta-feira, 7 de agosto de 2025

Via verde


Na rua dela ninguém dizia como ela 

como se falar com gosto e convicção 

fosse a bandeira que pendurava à janela

 

Que deixava mostrar alguns seus segredos 

enquanto afinava o refrão da nova canção 

e decorava as palavras para os festejos

 

Tinha uma graça única ao encurtar a roupa 

esticar e estender a mais íntima na cadeira 

deixar para a imaginação a cor da sua coisa

 

Loisas e buracos de coelhos sentada no sofá 

mais parecia estar deitada de perna aberta

jurava que as maçãs do peito sabiam a maracujá

 

Mostrava quase tudo sem mostrar quase nada

aos que passavam em frente do seu prédio 

e olhavam para dentro da alcatifa autoestrada 

 

Olhavam com esperança de ser agora ou nunca 

ter a aplicação de usar primeiro e pagar depois 

passar as férias da vida na via verde da cama.  

Sem comentários: