Quem tem mãos de café bebido morno
sem açúcar à mesa depois do almoço
ou já frio por causa das palavras cruzadas.
Quem tem mãos de chá bem quente
bebido aos poucos com a vizinha
enquanto põem as novidades em dia.
Quem tem dedos de fio de crochê
e arte da malha cada vez mais na moda
pode esperar com a migração para o tricô.
Quem tem mãos de plantar rosas
de não se deixar picar pelos espinhos
nem desistir nos subúrbios do primeiro encontro.
Quem tem dedos de erva suave
de doce acariciar a cabeça do seu homem
não deixa a conversa das promessas a meio.
Quem tem mãos de água de lavar alface
em água corrente juntamente com os tomates
para o aperitivo da noite nos festejos da paixão.
Quem tem dedos de desabotoar a camisa
de não se ficar apenas pelas folhas verdes
e descer até ter a massaroca na mão.
Tem de se proteger na primavera e no verão
para não ter as mãos todas esgadanhadas
por tanto tempo de volta das ervas daninhas.
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