Parte dos "Grandes Études de Paganini”
O seu corpo na erva, no chão deitado
era a apanha antecipada da azeitona
Florido um caloroso teclado de piano.
A sua alma nos trabalhos da vindima
era a cesta cheia das sílabas da boca
A carícia dos dedos nas cordas do violino.
Afirmava com a sua malícia: é agora ou nunca
vamos pecar agora que ninguém se importa
Não há quem pense em nós, na nossa festa.
Ali próximo do monte no sopé do sonho em voo a planar
da imaginação à sombra da parreira a crescer sem parar
Não falar não olhar não desdizer não apalpar nem se
atrasar,
Esse perfume indesmentível da falésia ou da vertigem
a coragem e a voragem da loucura incontrolável a arder
Da subida vertical da ascensão ao céu pagão do
prazer.
Se os pactos com o demónio fossem todos assim
e se o diabo em figura de gente fosse Paganini
dedos magros e compridos que mais ninguém tinha
quantos de nós não seríamos devotos do diabo...
Se não fôssemos moleiros ou aguadeiros do moinho
(para quem não saiba Liszt em português é farinha
o nome de Liszt seria Francisco Farinha)
quantos de nós não seríamos padeiros da padaria...
A partir de 1830, Liszt (1811- 1886) vive em França e
torna-se amigo
de Frédéric Chopin (1810-1849) e de Niccolò Paganini
(1872-1840)
músicos-compositores que influenciaram a sua música para
piano.
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