quinta-feira, 17 de abril de 2025

La Campanella de Liszt

Parte dos "Grandes Études de Paganini”

 

O seu corpo na erva, no chão deitado

era a apanha antecipada da azeitona 

Florido um caloroso teclado de piano.

 

A sua alma nos trabalhos da vindima

era a cesta cheia das sílabas da boca

A carícia dos dedos nas cordas do violino.

 

Afirmava com a sua malícia: é agora ou nunca

vamos pecar agora que ninguém se importa 

Não há quem pense em nós, na nossa festa.

 

Ali próximo do monte no sopé do sonho em voo a planar 

da imaginação à sombra da parreira a crescer sem parar

Não falar não olhar não desdizer não apalpar nem se atrasar, 

 

Esse perfume indesmentível da falésia ou da vertigem 

a coragem e a voragem da loucura incontrolável a arder

Da subida vertical da ascensão ao céu pagão do prazer.  

 

Se os pactos com o demónio fossem todos assim 

e se o diabo em figura de gente fosse Paganini

dedos magros e compridos que mais ninguém tinha 

quantos de nós não seríamos devotos do diabo... 

 

Se não fôssemos moleiros ou aguadeiros do moinho 

(para quem não saiba Liszt em português é farinha 

o nome de Liszt seria Francisco Farinha)

quantos de nós não seríamos padeiros da padaria... 

 

A partir de 1830, Liszt (1811- 1886) vive em França e torna-se amigo 

de Frédéric Chopin (1810-1849) e de Niccolò Paganini (1872-1840)

músicos-compositores que influenciaram a sua música para piano.

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