Duas lágrimas de orvalho / Caíram nas minhas mãos
Quando te afaguei o rosto / Pobre de mim pouco valho
Para te acudir na desgraça / Para te valer no desgosto.
Que podem ou que devem fazer os amantes
Quando chega ao fim a sua viagem a dois?
Rasgar uma a uma as palavras que inventaram
Fazer arder todos os sonhos que partilharam
Amaldiçoar o bom tempo que passaram juntos?
A história começa no degrau à saída da porta
A vida não pára na rua onde estava a sua casa
No canto das aves, nas árvores da sua memória.
Não se pode só assim oferecer a outro alguém.
O que viveram juntos é deles e de mais ninguém.
Para que a vida não tenha pressa em se esquecer de nós
Deixo-te as chaves do meu apartamento e o meu cão
O meu lugar cativo no teatro e as minhas botas de
competição
Guarda como se fossem os teus, os restos do meu coração.
*Fado de João Linhares Barbosa e Pedro Rodrigues
famoso pela voz do imenso fadista Carlos do Carmo.

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