quinta-feira, 13 de novembro de 2025

Duas lágrimas de orvalho*


Duas lágrimas de orvalho / Caíram nas minhas mãos
Quando te afaguei o rosto / Pobre de mim pouco valho
Para te acudir na desgraça / Para te valer no desgosto.

 

Que podem ou que devem fazer os amantes

Quando chega ao fim a sua viagem a dois?

Rasgar uma a uma as palavras que inventaram 

Fazer arder todos os sonhos que partilharam

Amaldiçoar o bom tempo que passaram juntos?

 

A história começa no degrau à saída da porta

A vida não pára na rua onde estava a sua casa 

No canto das aves, nas árvores da sua memória.

Não se pode só assim oferecer a outro alguém. 

O que viveram juntos é deles e de mais ninguém. 

 

Para que a vida não tenha pressa em se esquecer de nós 

Deixo-te as chaves do meu apartamento e o meu cão 

O meu lugar cativo no teatro e as minhas botas de competição 

Guarda como se fossem os teus, os restos do meu coração.

 

*Fado de João Linhares Barbosa e Pedro Rodrigues 

famoso pela voz do imenso fadista Carlos do Carmo.


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