“Paga-me um café e conto-te a minha vida”
(Em “Murmúrios do mar”)
De José Tolentino Mendonça, Cardeal e Poeta
Nasci nos meados do século passado
em Amiais de Baixo, lugar de gente orgulhosa
da sua terra que cresceu nas margens da ribeira.
Uma aldeia entre cabeços no Ribatejo profundo.
Ali, durante 3 semanas frequentei a escola primária
e mal sabia quem era quando mudamos para a cidade.
Foi em Santarém que fiz os 7 anos e os 21 em Budapeste
e aos 70 anos se ainda cá estiver por aqui vou continuar.
Membro de uma feliz empresa familiar luso-húngara
sou pai de 3 filhas e 1 filho e avô de 2 netos
e espero que com o tempo venha mais gente nova.
Com sorte nos últimos 37 anos em nome de Portugal
fiz da diplomacia económica a minha profissão.
Jovem, desde 1974 que nunca esqueci ou desertei
as palavras da poesia e não será com esta idade
e os cabelos brancos que vou desistir de escrever
histórias vividas ou inventadas para me entreter.
Acabou-se a inspiração? Parece que não
apenas mudou de terra, mudou de posição
sentou-se no banco à beira da estrada
olhou ao longe e regressou ao coração.
De bicicleta pelos atalhos da imaginação.

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