Sentou-se ao meu lado e nem me viu
eu vi-a pelo desafio do seu perfume
baunilha que nunca tinha cheirado antes.
Um perfume que convidava a comer
como se fosse uma bolacha baunilha
ou arroz-doce polvilhado com canela.
Loura nela havia algo de aristocracia distante
e pela grande diferença dos troncos entre nós
devia ser alta - comigo também não é difícil.
Pelo canto do olho via-lhe um traço renascentista
de alguém que não está habituado o dia inteiro
a virar frangos ou pensar nas últimas compras
do fim-de-semana e a comida que vai cozinhar.
Quando se levantou para descer pude ver
como era alta vestida de calças quentes
porque apesar de abril lá fora fazia frio.
Casaco curto peludo cor de doce creme
sem açúcar queimado para acompanhar.
Era a fome escondida da sobremesa
a vontade de não comer para não engordar.
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