segunda-feira, 5 de maio de 2025

Sentou-se ao meu lado

 

Sentou-se ao meu lado e nem me viu 

eu senti-a pelo desafio do seu perfume 

de baunilha que antes não tinha cheirado.

 

Um perfume que convidava a comer 

como se fosse uma bolacha baunilha 

ou arroz-doce polvilhado com canela.


Loura nela havia algo de aristocracia distante

e pela grande diferença dos troncos entre nós 

- comigo também não é difícil - devia ser alta.

 

Pelo canto do olho via-lhe um traço renascentista 

de alguém que não está habituado o dia inteiro 

a virar frangos ou pensar nas últimas compras 

do fim-de-semana, nos pratos que vai cozinhar. 

 

Quando se levantou para descer pude ver 

como era elegante, vestida de calças quentes  

porque apesar de abril, lá fora fazia frio

e era aconselhável andar-se bem agasalhado. 

 

Casaco curto peludo cor de doce creme 

mas sem açúcar queimado para acompanhar.

Parecia ser a fome escondida da sobremesa 

que se deve evitar para não engordar.

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