segunda-feira, 5 de maio de 2025

Cartas antigas

 

Poderei estar enganado e se for o caso 

penitencio-me, mas para mim poesia

é também remexer memórias do passado.


Voltar a ler cartas antigas, alguns excertos

de quando ainda havia tempo e havia alma  

para escrever, redigir cartas com memória. 


Sei que há muitos anos (Nazaré, agosto de 1983)

escrevi "Comecei - que sentido a poesia sem ti?

A secar o mar para encurtar a distancia".


Poder agora perder-me sozinho ou acompanhado

por alguma das praias de Portugal, caminhar 

na areia húmida, molhar os pés para despertar.

 

Sabes, foi sempre a minha sincera convicção 

que quando tu passasses a ser a minha manhã 

o meio-dia e a tarde, a noite e a madrugada.

 

Em que fosses o sol e a lua da minha vida

de pronto te irias cansar e fartar de mim.

Diz-me, enganei-me? Não é assim? 

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