Nessa época havia uma canção
que mal se ouvia na rádio
talvez por excesso de erotismo
numa terra de costas para o mundo.
Talvez por sermos muito pudicos
num país desde sempre adiado
ou os brandos costumes elogiados
de um pequeno povo tão resignado.
A letra dizia “Tu que fazes
do meu coração a tua morada
dos meus seios o teu passeio
dos meus olhos o teu jardim
Que fazes da minha boca teu pão
da minha água teu vinho,
do meu prazer uma canção.”
Parece que comprometia a alma da nação.
Foi quase excomungada
por uma padralhada que só via pecado
onde o amor era cantado
onde quase nua a paixão se sentia
e o prazer dos amantes se mostrava.
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