Falava de pudor em pó como quem fala
de sabonete líquido inventado à medida
e feito para da cintura para baixo escorrer
- devagar pois o dia ainda é uma criança.
Para lavar cuidadosamente as pernas
a quatro mãos e a vinte e dois dedos
que mesmo com a tração às quatro rodas
- a atração para ser verdadeira é a dois.
Espalhava o pó de talco cor-de-rosa claro
pela saída do pescoço e entrada do peito
e dizia: está um belo dia para passear
- mais para amar do que para trabalhar.
No bairro degradado não havia tanto luar
como quando à noite arranjada saía de casa
para melhorar as finanças tremidas da família
- tanta boca para comer, tanta para calar.
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