segunda-feira, 24 de março de 2025

Poesia

 

"Fomos suficientemente inteligentes para transformar 

uma lista de roupa suja em poesia" Umberto Eco

 

Bom dia. Com o tempo e a observar como faziam os mais velhos 

- mãe estava longe e a vida era aqui - descobri que era mais prático 

lavar a roupa ao fim do dia, todos os dias no lavatório da sala de banho.

 Lavava a roupa com sabão - chegou a ser azul que trouxe de Portugal -  

e punha-a pendurada a secar no radiador do quarto da residência.


Na manhã seguinte estava enxuta. Eram mais complicadas as camisas

- felizmente na época usava sobretudo t-shirts - e pior as calças 

que tinham de ser passadas a ferro, mas como eram de ganga 

se não fossem centrifugadas e ficassem bem esticadas 

mesmo sem ferro de engomar, estavam prontas a serem usadas.

 

Foram sete semestres na residência estudantil da universidade.

Tantas recordações. Tantas histórias. Tão pouca roupa suja para lavar. 

Tanta roupa lavada para amarrotar, cheirar e amar. Tanta poesia. 

Abençoada juventude. Obrigado Ráday kollégium. Obrigado Budapeste.

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