sábado, 3 de dezembro de 2016

13. Câmara de televisão


Deixa fechada no armário por lavar a terrina.
Sai de casa com a certeza de ser caso sério.
Ser hoje o dia em que vai finalmente ser notícia.
De bota alta pega na cigarrilha de gente fina.

Troca a câmara de televisão por um pontapé certeiro
para pró-activa evitar o perigo iminente da migração.
Avisa a rádio-patrulha do ódio maltrapilha do mijo
a-mal-comida-mal-bebida-mal-fodida-da-perseguição.

Cumprindo a missão de estar presente
com o carvão mais queimado da vitória.
As pedras da vingança foram sempre
o combustível mais poluente da história.

Apesar de tudo, a esperança é grande  
esse sentimento deveras profundo de não
me sentir sozinho, que juntos podemos arder.
É verdade André Gide que “quando já não
me indignar terei começado a envelhecer”



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