sábado, 3 de dezembro de 2016

4. Cartografia

”O tempo leva tudo, até mesmo a memória” Virgílio

No mapa mundi do poder
a geometria privada das águas
trazia até nós as palavras
a narrativa anunciada do anoitecer.

Chegava abrindo a porta toda à luz mediana
que ali fazia lembrar o seu sorriso de filigrana
aquele momento de ternura levantado da lama
o amor de vidro partido pelo triste telegrama.

Descia como quem fica - com a má-fama.
Esticando o corpo - a espaços a alma.
Tropeçando na pedra - caindo na cama.
Um sorriso leve de noite feliz - tão calma.

Cartografia do luto: chegará o dia minha flor
que até o amor mais profundo morrerá de dor.


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