sábado, 3 de dezembro de 2016

3. Anis



Era um carro em viagem pelo fundo azul da tarde.
Atento olhava redondas as belas pernas do tabelier.
As coxas lisas, mármore que do sol no vidro arde.
Com as nádegas de couro. A ponte perfeita do prazer.

Umbigo em grão. Sal grosso. Anis e a pulseira no pé.
Fonte eterna dos acessórios de veludo. Design de agosto.
A poente, disfarçada de nascente sorria para o café.
Fazia como que estivesse comigo. Maquilhava o rosto.

Uma mão de dádiva e de entrega absoluta
enquanto da discrição acariciava o microfone
pela mesa do repasto da sobremesa surpresa
que tinham apalavrado de manhã ao telefone.


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