sábado, 3 de dezembro de 2016

16. Garrafa de aguardente

”Le bonheur tue les poètes” (Balzac)

Tintas e tintos. Pintas e eu bebo.
Beber sim. Pintar nunca mais.
Limpo-te com panos. Linhas e linho.

As tintas de Tintoretto com as telas do vizinho.
A framboesa da imaginação do povo que a quer sua
pelo milagre do pão e a perfeição única do vinho.
Incendeia as pernas da cadeira, os biquinhos da lua.

Foi o pior sexo da minha vida dizia, mas pedra fria
pelo sítio onde foi feito, depois do banho pensava
ter sido bem melhor do que estar sentado sozinho
com a garrafa de aguardente vazia, com o absinto.

Já não somos o que fomos.
Nem queremos ser os mesmos.
Definitivamente somos outros.


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